20 de junho de 2016

Intolerância, você não me toma!



Fui acadêmico de Ciência Política e me formei em 2008, após estudar quatro longos anos. Participei de Seminários, Grupos de Estudo. Aprofundei-me em livros de todas as raízes político-sociais existentes, de ambos os lados e ao centro. Dentre alguns famosos autores estudei Hobbes, Comte, Marx, Weber, Goffman, Rousseau, Maquiavel e muitos outros brilhantes autores que me fizeram pensar. Faz parte do trabalho de um acadêmico de Ciência Política aprofundar-se, ao máximo, em teorias e autores e tentar extrair o melhor de cada um para criar um pensamento. Por fim, consagrei-me com um trabalho de conclusão. Não fiz nada demais, nada além de minha obrigação como estudante, além de acompanhar o feito que meus colegas de classe também realizaram comigo. Mas o que aprendi com todos esses anos de estudo? O que posso dizer, com sabedoria, que possa se diferenciar da opinião da grande maioria?

Pois bem, posso dizer algumas coisas, com toda a certeza. O que posso categoricamente revelar a todos é que cada autor possuía uma maneira ímpar de olhar para o comportamento humano, para a sociedade, para a lógica das relações, para as causas, efeitos e consequências dos acontecimentos sociais e políticos. Uma mesma situação e diversos olhares diferentes. Nada demais!

Se observarmos a palavra "Partido", referindo-me especialmente aos partidos políticos, ora, estes, como o próprio nome já diz, representam uma parte da sociedade, portanto não a totalidade absoluta da sociedade, apenas uma parte. Partido, portanto é parte, não o todo.

Da mesma forma e por essa mesma lógica um partido político não representa a verdade absoluta, mas a sua verdade. Portanto um partido não pode possuir ou se dizer detentor da verdade absoluta. A “ideologia político-partidária” nada mais é que a “verdade daquele partido”. Uma maneira de ver o mundo, razão para lutar, o motivo que veio, etc.

Entretanto algumas pessoas, talvez ingênuas, passam a acreditar que um único partido pode ser, como diz o poeta Raul Seixas "o princípio, o fim e o meio".

É admiravelmente constrangedor como há pessoas que realmente acreditam que um único partido pode mudar o mundo ou transformar a água em vinho.

Não podemos esquecer que em meio aos partidos políticos, como em qualquer lugar do mundo há todos os tipos de homens e todos os tipos de interesses. Também não devemos esquecer que política é uma espécie de "jogo do poder, para adultos". Então: "aquele que nunca errou que atire a primeira pedra; disse Jesus.

Não estou aqui para dizer que A é melhor que B, estou aqui para abrir seus olhos. A e B disputam sua atenção. A questão é, qual o meio que utilizam? São lícitos? Respeitam a Constituição? As regras do jogo? São legais?

Sim, e deixe-me lhe dizer, que se você não respeita a sua constituição, bom, então você não deve respeitar nada, nem regras de trânsito, nem sua esposa em casa e muito menos seus filhos. Não deve respeitar nem a fila do banco, pois essa é a lei maior que rege nosso país e, portanto, merece todo o nosso respeito!

Amigos, outra coisa que aprendi em horas e horas de estudos, com excelentes professores, de direita e de esquerda e, principalmente, com a prática da vida pública é que a política se faz com diálogo, com paciência, com tolerância. É uma espécie de negociação, ao qual se respeita a parte alheia, pois a mesma tem o mesmo direito que você possui, de expor seu ponto de vista, ideias e de falar. É o respeito ao diferente que permite que a democracia possa existir.

 Mas o que estamos vendo hoje é cada vez mais a imposição do autoritarismo, to extremismo, da intolerância, da obstrução da lei, da ordem, da justiça, dos direitos civis (de ir e vir, por exemplo).

Chegamos ao ponto de sermos obrigados a incorporar técnicas para tolerar o intolerante.

A todo o momento há obstrução do tráfego de veículos. "Manifestantes" que estão reivindicando por seus direitos. Ok, ok. Maravilha! Todos nós temos o direito constitucional de nos manifestarmos, mas sem desrespeitar o direito de outrem.

É como diz aquele ditado: “A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”. A partir do momento que eu impeço a passagem de um pai de família indo para o trabalho, uma mãe, levando seu filho para a creche, um caminhoneiro que vai entregar sua carga com hora marcada, uma mulher que vai ganhar seu bebê e precisa chegar com urgência no hospital ou qualquer outro cidadão que, por motivo algum senão sua vontade deseje passar eu estarei violando seu direito constitucional de ir e vir. Todos nós temos direitos e deveres, sendo que nossos direitos devem ser respeitados, sem exceção!

Cansei de ouvir a tal "fábula do golpe". Ora, ora, não podemos ser tão bobos. Se Impeachment fosse golpe acham que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizaria? Amigos, temos uma constituição, temos uma democracia em vigor, não sejamos ingênuos.

Os discursos totalitários e fascistas são aqueles tentam desconstituir a lei, aqueles que a executam, a ordem e os costumes em vigor em detrimentos de uma causa maior, algo puro e celestial, como se fôra a “água do jardim do Éden”. Existe algo maior do que a nossa constituição?

Não há preceitos constitucionais que fundamentem tais clamores, apenas o interesse pífio do poder pelo poder, empregando palavras de ordem, como uma organização orquestrada para combater um mal, como um exército. Em seus gritos apenas "RÓTULO, RÓTULO.....", como por exemplo: "Não vai ter golpe". O que estão dizendo é o seguinte, vou traduzir: Não aceitamos a constituição brasileira. “Não aceitamos as leis que regem o estado de direito”. “Governamos como quisermos, pedalada é o caramba”. “Não aceitaremos sermos julgados, quem pensam que são?”.

Instaurar o caos em um país estacionado em problemas de todas as naturezas não é a solução para nada. Está descontente? Ótimo, eu também estou! Mas façamos o seguinte, respeitando a constituição e legitimidades dos direitos alheios realize sua manifestação ordenadamente, sem agredir ninguém, respeitando o direito do outro cidadão, a ordem, a lei e os bons costumes. Será que é tão difícil?

Podemos gritar o que quiser: “Fora Dilma, Fora Temer, Fora Dunga, Fora Sunga”, desde que isso não seja agredir o próximo, podemos sim nos manifestar, em grupos, ordenadamente, mas sem obstruir o caminho de ninguém.

Qual a razão de não termos tumulto no movimento Brasil Livre? Será que foi apenas uma coincidência? Eu acho que não. Foi um movimento ordeiro, sem agressões e baderna, e as reivindicações foram de todas as naturezas. (não estou julgando o mérito, apenas a forma).

Não é impedindo um professor de exercer sua atividade que estarei construindo uma sociedade melhor. Não é queimando pneus em uma rodovia movimentada e obstruindo a passagem de pessoas que nem me conhecem que vou me fazer legítimo em minha luta. Não é agredindo quem pensa diferente, seja com palavras ou fisicamente, que terei merecimento para defender um ponto de vista.

É através do diálogo, da paciência, da conversa e principalmente do bom senso que chegaremos a algum lugar. Mas infelizmente as pessoas não enxergam que são manipuladas. Mas uma coisa lhes garanto, amigos, até mesmo isso um dia acaba e você acorda, acredite, pois quem já trilhou essa estrada sabe onde ficam os buracos!

Um dia a máscara cai.

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